São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 2011 |
cifras & letras CRÍTICA POLÍTICA História do Banco Mundial revela seu poder ideológico Livro realça relações entre empresas e políticos mediadas pela instituição REINALDO GONÇALVES ESPECIAL PARA A FOLHA O livro de João Márcio Mendes Pereira é um ótimo trabalho de análise histórica da evolução do Banco Mundial (Bird) desde a sua origem e se compara favoravelmente aos estudos abrangentes que existem no exterior. Os seis capítulos do livro estão organizados cronologicamente, desde a origem, em 1944, até 2008. Como mostra o autor, as estratégias e políticas do Bird foram se transformando ao longo deste período em decorrência das transformações globais e, em especial, da influência dos Estados Unidos, cujo governo exerce liderança incontestável nessa organização multilateral. O Bird é marcado, atualmente, pela inimportância financeira e pelo poder ideológico. O banco responde por 2% dos investimentos em países em desenvolvimento. Entretanto, tem grande influência, pois é instrumento de produção e difusão de ideias e políticas que permitem reduzir marginalmente a desigualdade e a pobreza. O fundamental é que essas políticas não afetam os interesses substantivos dos donos do poder econômico e, ademais, favorecem a continuação de grupos dirigentes no poder político. Ou seja, o Bird promove o combate à pobreza sem transformações estruturais e estimula a manutenção de grupos dirigentes no poder. A fórmula é simples: menos direitos universais, via "reforminhas"; mais políticas sociais focalizadas, por meio de programas como o Bolsa Família. A MÃO E A LUVA Nos países em desenvolvimento, grupos dirigentes espertos que quiserem ficar mais tempo no poder mercantilizam e privatizam os direitos universais (saúde, educação, transporte etc), ao mesmo tempo em que ampliam políticas sociais focalizadas (mais baratas). As políticas do Bird são "luvas para mãos" clientelistas, corruptas e demagógicas. Tomemos o caso do Brasil. Nos últimos anos não foi possível reduzir significativamente a pobreza e a desigualdade, dado que, na maior parte do país, a economia regional é controlada por meia dúzia de grupos econômicos. A situação agrava-se com a centralização do capital e a consolidação desses grupos via alianças políticas. Ademais, as políticas sociais são instrumentos de clientelismo, corrupção e demagogia quando partidos políticos transformam-se em empresas por cotas limitadas e são instrumentos de apropriação de poder e riqueza pelos grupos dirigentes. O resultado é zero de transformação estrutural e maior degradação institucional. O Bird opera uma grande rede de relações que envolve empresários, cientistas, ONGs e políticos que defendem "reforminhas" e rejeitam mudanças estruturais. O banco, mesmo tendo certa autonomia relativa, também sofre clara influência do governo dos EUA. Ou seja, o problema atual com o Bird não é o seu poder financeiro. A questão-chave é o seu poder de difusão de ideias e políticas. No que se refere à reforma do Bird, muitos analistas pensam que, no lugar de fortalecer o Banco com mais recursos e poder de votos para países em desenvolvimento, o que precisa ser feito é simplesmente fechá-lo. O livro apresenta um balanço útil das críticas sobre o papel do banco na atualidade. REINALDO GONÇALVES é professor de economia internacional na Universidade Federal do Rio de Janeiro. O BANCO MUNDIAL COMO ATOR POLÍTICO, INTELECTUAL E FINANCEIRO AUTOR João Márcio Mendes Pereira EDITORA Civilização Brasileira QUANTO R$ 59,90 (504 págs.) |
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