Carta O
Berro......................... .............................. ..repassem
De: ALBERTO SOUZA
NÃO DEIXEM DE LER COM CALMA, REFLETIR,
DISCUTIR E DIVULGAR!
REDIGIDO EM PORTUGUÊS DE
PORTUGAL.
12 MITOS DO
CAPITALISMO
Guilherme Alves Coelho
Odiário –
Portugal
07.Jan.2012
São muitos e variados os tipos e meios
de manipulação em que a ideologia burguesa se foi alicerçando ao longo do tempo.
Um dos tipos mais importantes são os mitos. Trata-se de um conjunto de falsas
verdades, mera propaganda que, repetidas à exaustão, acriticamente, ao longo de
gerações, se tornam verdades insofismáveis aos olhos de muitos.
Um comentário amargo, e frequente após
os períodos eleitorais, é o de que “cada povo tem o governo que merece”.
Trata-se de uma crítica errónea, que pode levar ao conformismo e à inércia e
castiga os menos culpados. Não existem maus povos. Existem povos iletrados, mal
informados, enganados, manipulados, iludidos por máquinas de propaganda que os
atemorizam e lhes condicionam o pensamento. Todos os povos merecem sempre
governos melhores.
A mentira e a manipulação são hoje
armas de opressão e destruição maciça, tão eficazes e importantes como as armas
de guerra tradicionais. Em muitas ocasiões são complementares destas. Tanto
servem para ganhar eleições como para invadir e destruir países insubmissos.
São muitos e variados os tipos e meios
de manipulação em que a ideologia capitalista se foi alicerçando ao longo do
tempo. Um dos tipos mais importantes são os mitos. Trata-se de um conjunto de
falsas verdades, mera propaganda que, repetidas à exaustão, acriticamente, ao
longo de gerações, se tornam verdades insofismáveis aos olhos de muitos. Foram
criadas para apresentar o capitalismo de forma credível perante as massas e
obter o seu apoio ou passividade. Os seus veículos mais importantes são a
informação mediática, a educação escolar, as tradições familiares, a doutrina
das igrejas, etc. (*)
Apresentam-se neste texto,
sucintamente, alguns dos mitos mais comuns da mitologia
capitalista.
• NO CAPITALISMO QUALQUER PESSOA PODE
ENRIQUECER À CUSTA DO SEU TRABALHO.
Pretende-se fazer crer que o regime
capitalista conduz automaticamente qualquer pessoa a ser rica desde que se
esforce muito.
O objectivo oculto é obter o apoio
acrítico dos trabalhadores no sistema e a sua submissão, na esperança ilusória e
culpabilizante em caso de fracasso, de um dia virem a ser também, patrões de
sucesso.
Na verdade, a probabilidade de sucesso
no sistema capitalista para o cidadão comum é igual à de lhe sair a lotaria. O
“sucesso capitalista” é, com raras excepções, fruto da manipulação e falta de
escrúpulos dos que dispõem de mais poder e influência. As fortunas em geral
derivam directamente de formas fraudulentas de actuação.
Este mito de que o sucesso é fruto de
uma mistura de trabalho afincado, alguma sorte, uma boa dose de fé e depende
apenas da capacidade empreendedora e competitiva de cada um, é um dos mitos que
têm levado mais gente a acreditar no sistema e a apoiá-lo. Mas também, após as
tentativas falhadas, a resignarem-se pelo aparente falhanço pessoal e a
esconderem a sua credulidade na indiferença. Trata-se dos tão apregoados
empreendedorismo e competitividade.
• O CAPITALISMO GERA RIQUEZA E
BEM-ESTAR PARA TODOS
Pretende-se fazer crer que a fórmula
capitalista de acumulação de riqueza por uma minoria dará lugar, mais tarde ou
mais cedo, à redistribuição da mesma.
O objectivo é permitir que os patrões
acumulem indefinidamente sem serem questionados sobre a forma como o fizeram,
nomeadamente sobre a exploração dos trabalhadores. Ao mesmo tempo mantêm nestes
a esperança de mais tarde serem recompensados pelo seu esforço e dedicação.
Na verdade, já Marx tinha concluído
nos seus estudos que o objectivo final do capitalismo não é a distribuição da
riqueza, mas a sua acumulação e concentração. O agravamento das diferenças entre
ricos e pobres nas últimas décadas, nomeadamente após o neoliberalismo, provou
isso claramente.
Este mito foi um dos mais difundidos
durante a fase de “bem-estar social” pós-guerra, para superar os estados
socialistas. Com a queda do émulo soviético, o capitalismo deixou também cair a
máscara e perdeu credibilidade.
• ESTAMOS TODOS NO MESMO
BARCO.
Pretende-se fazer crer que não há
classes na sociedade, pelo que as responsabilidades pelos fracassos e crises são
igualmente atribuídas a todos e, portanto pagas por todos.
O objectivo é criar um complexo de
culpa junto dos trabalhadores que permita aos capitalistas arrecadar os lucros
enquanto distribuem as despesas por todo o povo.
Na verdade, o pequeno número de
multimilionários, porque detém o poder, é sempre autobeneficiado em relação à
imensa maioria do povo, quer em impostos, quer em tráfico de influências, quer
na especulação financeira, quer em off-shores, quer na corrupção e nepotismo
etc. Esse núcleo, que constitui a classe dominante, pretende assim escamotear
que é o único e exclusivo responsável pela situação de penúria dos povos e que
deve pagar por isso.
Este é um dos mitos mais ideológicos
do capitalismo ao negar a existência de classes.
• LIBERDADE É IGUAL A
CAPITALISMO.
Pretende-se fazer crer que a
verdadeira liberdade só se atinge com o capitalismo, através da chamada
autorregulação proporcionada pelo mercado.
O objectivo é tornar o capitalismo uma
espécie de religião em que tudo se organiza em seu redor e assim afastar os
povos das grandes decisões macro-económicas, indiscutíveis. A liberdade de
negociar sem peias seria o máximo da liberdade.
Na verdade, sabe-se que as estratégias
político-económicas, muitas delas planeadas com grande antecipação, são quase
sempre tomadas por um pequeno número de pessoas poderosas, à revelia dos povos e
dos poderes instituídos, a quem ditam as suas orientações. Nessas reuniões, em
cimeiras restritas e mesmo secretas, são definidas as grandes decisões
financeiras e económicas conjunturais ou estratégicas de longo prazo. Todas, ou
quase todas essas resoluções, são fruto de negociações e acordos mais ou menos
secretos entre os maiores empresas e multinacionais mundiais. O mercado é, pois,
manipulado e não autorregulado. A liberdade plena no capitalismo existe de
facto, mas apenas para os ricos e poderosos.
Este mito tem sido utilizado pelos
dirigentes capitalistas para justificar, por exemplo, intervenções em outros
países não submissos ao capitalismo, argumentando não haver neles liberdade,
porque há regras.
• CAPITALISMO IGUAL A
DEMOCRACIA.
Pretende-se fazer crer que apenas no
capitalismo há democracia.
O objectivo deste mito, que é
complementar do anterior, é impedir a discussão de outros modelos de sociedade,
afirmando não haver alternativas a esse modelo e todos os outros serem
ditaduras. Trata-se mais uma vez da apropriação pelo capitalismo, falseando-lhes
o sentido, de conceitos caros aos povos, tais como liberdade e
democracia.
Na realidade, estando a sociedade
dividida em classes, a classe mais rica, embora seja ultraminoritária, domina
sobre todas as outras. Trata-se da negação da democracia que, por definição, é o
governo do povo, logo da maioria. Esta “democracia” não passa, pois de uma
ditadura disfarçada. As “reformas democráticas” não são mais que retrocessos,
reacções ao progresso. Daí deriva o termo reaccionário, o que anda para
trás.
Tal como o anterior, este mito também
serve de pretexto para criticar e atacar os regimes de países não-capitalistas.
• ELEIÇÕES IGUAL A
DEMOCRACIA.
Pretende-se fazer crer que o acto
eleitoral é o sinônimo da democracia e esta se esgota
nele.
O objectivo é denegrir ou diabolizar e
impedir a discussão de outros sistemas político-eleitorais em que os dirigentes
são estabelecidos por formas diversas das eleições burguesas, como por exemplo,
pela idade, experiência, aceitação popular etc.
Na verdade, é no sistema capitalista,
que tudo manipula e corrompe, que o voto é condicionado e as eleições são actos
meramente formais. O simples facto da classe burguesa minoritária vencer sempre
as eleições demonstra o seu carácter não-representativo.
O mito de que, onde há eleições há
democracia, é um dos mais enraizados, mesmo em algumas forças de
esquerda.
• PARTIDOS ALTERNANTES IGUAL A
ALTERNATIVOS.
Pretende-se fazer crer que os partidos
burgueses que se alternam periodicamente no poder têm políticas alternativas.
O objectivo deste mito é perpetuar o
sistema dentro dos limites da classe dominante, alimentando o mito de que a
democracia está reduzida ao acto eleitoral.
Na verdade, este aparente sistema
pluri ou bipartidário é um sistema monopartidário. Duas ou mais facções da mesma
organização política, partilhando políticas capitalistas idênticas e
complementares, alternam-se no poder, simulando partidos independentes, com
políticas alternativas. O que é dado escolher aos povos não é o sistema que é
sempre o capitalismo, mas apenas os agentes partidários que estão de turno como
seus guardiões e continuadores.
O mito de que os partidos burgueses
têm políticas independentes da classe dominante, chegando até a ser opostas, é
um dos mais propagandeados e importantes para manter o sistema a
funcionar.
• O ELEITO REPRESENTA O POVO E POR
ISSO PODE DECIDIR TUDO POR ELE.
Pretende-se fazer crer que o político,
uma vez eleito, adquire plenos poderes e pode governar como
quiser.
O objectivo deste mito é iludir o povo
com promessas vãs e escamotear as verdadeiras medidas que serão levadas à
prática.
Na verdade, uma vez no poder, o eleito
autoassume novos poderes. Não cumpre o que prometeu e, o que é ainda mais grave,
põe em prática medidas não enunciadas antes, muitas vezes em sentido oposto e
até inconstitucionais. Frequentemente, são eleitos por minorias de votantes. A
meio dos mandatos já atingiram índices de popularidade mínimos. Nestes casos de
ausência ou perda progressiva de representatividade, o sistema não contempla
quaisquer formas constitucionais de destituição. Esta perda de
representatividade é uma das razões que impede as “democracias” capitalistas de
serem verdadeiras democracias, tornando-se ditaduras disfarçadas.
A prática sistemática deste processo
de falsificação da democracia tornou este mito um dos mais desacreditados, sendo
uma das causas principais da crescente abstenção
eleitoral.
• NÃO HÁ ALTERNATIVAS À POLÍTICA
CAPITALISTA.
Pretende-se fazer crer que o
capitalismo, embora não sendo perfeito, é o único regime político-económico
possível e, portanto, o mais adequado.
O objectivo é impedir que outros
sistemas sejam conhecidos e comparados, usando todos os meios, incluindo a
força, para afastar a competição.
Na realidade, existem outros sistemas
político-económicos, sendo o mais conhecido o socialismo cientifico. Mesmo
dentro do capitalismo, há modalidades que vão desde o actual neoliberalismo aos
reformistas do “socialismo democrático” ou socialdemocrata.
Este mito faz parte da tentativa de
intimidação dos povos de impedir a discussão de alternativas ao capitalismo, a
que se convencionou chamar o pensamento único.
• A AUSTERIDADE GERA
RIQUEZA
Pretende-se fazer crer que a culpa das
crises económicas é originada pelo excesso de regalias dos trabalhadores. Se
estas forem retiradas, o Estado poupa e o país enriquece.
O objectivo é fundamentalmente
transferir para o sector público, para o povo em geral e para os trabalhadores,
a responsabilidade do pagamento das dividas dos capitalistas. Fazer o povo
aceitar a pilhagem dos seus bens na crença de que dias melhores virão mais
tarde. Destina-se também a facilitar a privatização dos bens públicos,
“emagrecendo” o Estado, logo “poupando”, sem referir que esses sectores eram os
mais rentáveis do Estado, cujos lucros futuros se perdem desta
forma.
Na verdade, constata-se que estas
políticas conduzem, ano após ano, a um empobrecimento das receitas do Estado e a
uma diminuição das regalias, direitos e do nível de vida dos povos, que antes
estavam assegurados por elas.
• MENOS ESTADO, MELHOR
ESTADO.
Pretende-se fazer crer que o sector
privado administra melhor o Estado que o sector público.
O objectivo dos capitalistas é “dourar
a pílula” para facilitar a apropriação do património, das funções e dos bens
rentáveis dos estados. É complementar do anterior.
Na verdade o que acontece em geral é o
contrário: os serviços públicos privatizados não só se tornam piores, como as
tributações e as prestações são agravadas. O balanço dos resultados dos serviços
prestados após passarem a privados é quase sempre pior que o anterior. Na óptica
capitalista, a prestação de serviços públicos não passa de mera oportunidade de
negócio. Este mito é um dos mais “ideológicos” do capitalismo neoliberal. Nele
está subjacente a filosofia de que quem deve governar são os privados e o Estado
apenas dá apoio.
• A ACTUAL CRISE É PASSAGEIRA E SERÁ
RESOLVIDA PARA O BEM DOS POVOS.
Pretende-se fazer crer que a actual
crise económico-financeira é mais uma crise cíclica habitual do capitalismo e
não uma crise sistémica ou final.
O objectivo dos capitalistas, com
destaque para os financeiros, é continuarem a pilhagem dos Estados e a
exploração dos povos enquanto puderem. Tem servido ainda para alguns políticos
se manterem no poder, alimentando a esperança junto dos povos de que melhores
dias virão se continuarem a votar neles.
Na verdade, tal como previu Marx, do
que se trata é da crise final do sistema capitalista, com o crescente aumento da
contradição entre o carácter social da produção e o lucro privado até se tornar
insolúvel.
Alguns, entre os quais os
“socialistas” e sociais-democratas, que afirmam poder manter o capitalismo,
embora de forma mitigada, afirmam que a crise deriva apenas de erros dos
políticos, da ganância dos banqueiros e especuladores ou da falta de ideias dos
dirigentes ou mecanismos que ainda falta resolver. No entanto, aquilo a que
assistimos é ao agravamento permanente do nível de vida dos povos sem que esteja
à vista qualquer esperança de melhoria. Dentro do sistema capitalista já nada
mais há a esperar de bom.
NOTA FINAL:
O capitalismo há de acabar, mas só por
si tal decorrerá muito lentamente e com imensos sacrifícios dos povos. Terá que
ser empurrado. Devem ser combatidas as ilusões, quer daqueles que julgam o
capitalismo reformável, quer daqueles que acham que quanto pior melhor, para o
capitalismo cair de podre. O capitalismo tudo fará para vender cara a derrota.
Por isso, quanto mais rápido os povos se libertarem desse sistema injusto e
cruel, mais sacrifícios inúteis se poderão evitar.
Hoje, mais do que nunca, é necessário
criar barreiras ao assalto final da barbárie capitalista, e inverter a situação,
quer apresentando claramente outras soluções políticas, quer combatendo o
obscurantismo pelo esclarecimento, quer mobilizando e organizando os povos.
(*) Os mitos criados pelas religiões
cristãs têm muito peso no pensamento único capitalista e são avidamente
apropriados por ele para facilitar a aceitação do sistema pelos mais
crédulos.
Exemplos: “A pobreza é uma situação
passageira da vida terrena.” “Sempre houve ricos e pobres.” “O rico será
castigado no juízo final.” “Deve-se aguentar o sofrimento sem revolta para mais
tarde ser recompensado."
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