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lunes, 23 de julio de 2012

Tinkunaco 1.094/12 - Re: [Carta O BERRO] Bancos mentem, manipulam indicadores e lavam $ do narcotráfico.

Carta O Berro..........................................................repassem
 
 
Publicado em 20-Jul-2012
Blog do Zé -
 
 
ImageCorrespondente da Carta Maior em Berlim (Alemanha), o jornalista Flávio Aguiar analisa o “lado mais sinistro do sistema bancário internacional” que, desde 2008, absorve bilhões de euros arrancados do poder aquisitivo da população para impor uma “austeridade fiscal” recessiva, “depressora, depressiva e deprimente enquanto continua o engorde das taxas de juro extorsivas cobradas para refinanciar a dívida pública”. Como se isso já não fosse suficientemente sinistro, eles ainda manipulam indicadores – é o caso do inglês Barclays – ou lavam dinheiro do narcotráfico, como o Senado dos EUA provou sobre o HSBC de 2002 a 2009.

A análise está no artigo intitulado “O lado mais sinistro do sistema bancário”:
 
 
19/7/2012 14:09, Por Flávio Aguiar - de Berlim
 
Sistema Bancário
Investigação do Senado dos EUA concluiu que o HSBC lavou dinheiro de cartéis mexicanos de narcotráfico
 
De crise em crise, de susto em susto, de revelação em revelação, vem à tona dia após dia o lado mais sinistro do sistema bancário internacional.
Desde 2008, em que pese o esforço midiático de concentrar fogo e visões em torno das “crises das dívidas soberanas”, foi ficando evidente o quanto a desregulamentação do sistema financeiro internacional custou aos cofres públicos das nações – daquelas em crise aberta (como a Grécia) e daquelas que aparentemente sobrenadam no dilúvio (caso da Alemanha). Naquelas, sonhos coletivos e individuais se transformam em pesadelos, enquanto direitos individuais e coletivos se desmancham no ar ou às custas de cassetadas ou bombas de gás lacrimogênio nas ruas.
 
 
Bilhões de euros são arrancados do poder aquisitivo da população para impor uma “austeridade fiscal” recessiva, depressora, depressiva e deprimento enquanto continua o engorde das taxas de juro extorsivas cobradas para refinanciar a dívida pública, que certamente não serão pagas por nenhum sistema bancário ou financeiro, mas novamente pelas camadas mais frágeis da população, às custas de arcarem com mais pesadelos. Nas que guardam algum resíduo de organização e prosperidade – como a Alemanha – bilhões de euros foram e são transferidos para bancos, oriundos de fundos públicos, quer dizer, também do bolso de contribuintes e trabalhadores, para cobrir contas abertas nacionais e internacionais.
 
 
Mas nos últimos dias mais lados sinistros – e mais sinistros – vieram à tona. Semanas atrás foi o caso da manipulação da taxa Libor da banca britânica, promovida pelos representantes do banco Barclays na Associação de Bancos de Londres para favorecer a obtenção e/ou a manutenção de clientes investidores. O banco manipulava seus dados e induzia a manipulação da Libor por parte das autoridades financeiras londrinas para baixo, para parecer mais saudável do que era, a fim de manter clientes; ou inchava a taxa para prometer melhor remuneração para atrair clientes em épocas de escassez. E as autoridades – inclusive do Banco da Inglaterra engoliam as pílulas – isso, pelo menos, de 2007 a 2010. Os prejuízos são incalculáveis, uma vez que a taxa Libor, além de incidir pobre empréstimos entre bancos britânicos, era uma referência mundial no setor.
 
 
Agora foi a vez do HSBC. Uma investigação de mais de ano, feita pelo Senado norte-americano, concluiu insofismavelmente que a seção norte-americana do banco lavou dinheiro dos cartéis mexicanos de narcotráfico de 2002 a 2009, apesar dele ter sido advertido por agentes do fisco e até por investigações internas de seus próprios funcionários.
 
 
Na terça-feira isso redundou numa sessão humilhante para altos executivos do banco, que renunciaram a seus cargos numa sessão pública do comitê do Senado, embora negassem ter “conhecimento completo” das contravenções. Já antes houve uma espécie de “mea culpa” por parte do banco perante um comitê semelhante de autoridades britânicas do setor financeiro.
 
 
Além disso, o banco (sempre a seção norte-americana) foi acusado por uma série de outras contravenções, indo desde negócios ocultos com finanças sírias e iranianas, à prestação de serviços para instituições financeiras da Arábia Saudita e de Bangladesh suspeitas de terem financiado em parte a Al Qaeda.
 
 
O Barclays já pagou 450 milhões de libras em indenizações a clientes que se julgaram lesados. O Serviço da Autoridade Financeira de Londres vai ser extinto e substituído por outra agência, além de parte de suas atribuições passarem para o Banco da Inglaterra. O HSBC promete uma revisão de seu sistema interno de segurança.
 
 
A ver, para crer.

 
Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.
 
 

 
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Já é hora de discutirmos nosso sistema bancário
 
 
 
5/7/2012 12:08, Por José Dirceu
 
Em evento da FIESP ontem (4), em São Paulo, o ministro Guido Mantega, da Fazenda e o banqueiro presidente do Banco Itaú, Roberto Setúbal, divergiram publicamente sobre os “spreads” bancários no Brasil. Guido considerou que os lucros dos bancos no país são elevados. Setúbal saiu-se com essa: “O lucro do banco é grande porque os bancos são grandes”.
 
 
Acontece que bancos grandes são um grande risco, como estamos vendo na Europa. Eles colocam em risco as economias dos países e do mundo inteiro, como vem ocorrendo desde 2008. São dezenas de grandes bancos envolvidos em escândalos, fraudes e manipulações. O que está nas manchetes dos jornais no mundo inteiro agora é o Barclays, da Grã Bretanha.
 
 
Segundo as denúncias, o banco inglês, um dos maiores do poaís, manipulava a taxa Libor, que são os juros usados pelos bancos para emprestar dinheiro uns aos outros (Libor significa London Interbank Offered Rate e serve de referência para as taxas de juros pagas todos os dias por milhões de pessoas nos créditos imobiliários, nos cartões de crédito, no financiamento estudantil, nos seguros etc.). A variação na Libor afeta o retorno de investidores profissionais e os custos de financiamento para pessoas e empresas. A partir deste novo escândalo, os ingleses estão discutindo como melhor o controle sobre os bancos.
 
 
 
Spreads: dá para reduzir!
Aqui no Brasil, os problemas em relação aos bancos se manifestam de forma diferente. No momento, a questão em discussão diz respeito ao tamanho do spread. Spread é um termo em inglês usado para expressar a diferença entre Guido Mantegao que o banco paga ao aplicador para captar um recurso e quanto cobra para emprestar esse mesmo dinheiro. Segundo o banqueiro, a crença de que os juros bancários são elevados no Brasil por causa do lucro dos bancos não é verdadeira e a ideia de que a redução do spread implica a redução da margem de lucro “não funciona bem”. Mantega retrucou, com razão, que o Brasil tem “talvez o maior spread do mundo”, o que não se justifica. E desafiou: “Vocês (banqueiros) têm de ganhar mais no volume e menos na taxa, essa é a filosofia que eu procuro implementar nos bancos públicos. Dá para fazer mais”.
 
 
Concordo com o ministro. Nada justifica spreads tão elevados. Recomendo a vocês a leitura de um trabalho realizado pelo Dieese, departamento de pesquisa mantido por um grupo de sindicatos brasileiros. No estudo foram levantados os dados de 13 países. O Brasil é o maior spread, de 27,8%, seguido do Paraguai, com 26,9%. Sete dos países incluídos no estudo têm spreads inferiores a 5%. Entre os itens que integram os spreads está o lucro dos bancos (para quem quiser se inteirar mais da questão, recomendo a leitura do trabalho citado, a Nota Técnica 109, de abril deste ano. Clique aqui para acessar em PDF).
 
 
Mas, o que o banqueiro não disse é que além de grandes os dois maiores bancos brasileiros – Itaú e Bradesco – formam quase um duopólio. Num contexto como esses fica fácil definir a taxa de lucro que eles querem manter.
 
 
Ou seja, no mundo inteiro os bancos estão na berlinda. São os principais responsáveis pelas crises atuais nas finanças mundiais. Aqui no Brasil eles não estão em crise, mas se não fosse a presença dos bancos públicos, não teríamos expandido o crédito e reduzido os juros e o país teria sido arrastado para a crise de 2008-2009. Também estaríamos bem pior na atual crise.
 
 
Repito: concorrência é o que precisamos no setor financeiro. E, para conseguir ampliar a concorrência aí, está na hora de o país fazer uma boa discussão sobre o que acontece com o seu sistema bancário e com os bancos que aqui atuam.
 
 

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