Estou muito contente de
vir a essa bela Davos. Embora pequena cidade nos Alpes, Davos é janela
importante para tomar o pulso da economia global. Pessoas de todo o
mundo aqui vêm para trocar pensamentos e ideias, o que amplia a visão de
todos. Isso faz da reunião anual do Fórum Econômico Mundial (FEM, ing. WEF) esse evento de brainstormingeconômico, que eu chamo de "economia de [prof. Klauss] Schwab".
"Foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos." Assim Charles Dickens descreveu o mundo da Revolução Francesa.[1]Hoje,
também vivemos num mundo de contradições. Por um lado, com a crescente
riqueza material e os avanços na ciência e tecnologia, a civilização
humana se desenvolveu como nunca antes. Por outro lado, os conflitos
regionais frequentes, os desafios globais – como o terrorismo e os
refugiados –, bem como a pobreza, o desemprego e a crescente disparidade
de rendimentos contribuíram para as incertezas do mundo.
As pessoas sentem-se perplexas e perguntam-se: o que deu errado com o mundo?
Para responder a esta pergunta, é preciso primeiro rastrear a origem do
problema. Alguns culpam a globalização econômica pelo caos no mundo. A
globalização econômica foi vista de início como a caverna do tesouro de
Ali Babá nasMil e Uma Noites. Agora, para muitos, está convertida
na caixa de Pandora. A comunidade internacional debate ferozmente a
globalização econômica.
Hoje, desejo abordar a economia global no contexto da globalização econômica.
O que quero dizer aqui é que muitos dos problemas que preocupam o mundo
não são causados pela globalização econômica. Por exemplo, as ondas de
refugiados do Oriente Médio e do Norte da África nos últimos anos
tornaram-se preocupação global. Vários milhões de pessoas foram
deslocadas, crianças pequenas perderam a vida ao atravessar o mar
agitado. São mortes realmente dolorosas. A guerra, o conflito e a
turbulência regional criaram este problema, e a solução deles está em se
fazer a paz, promover a reconciliação e restaurar a estabilidade.
A crise financeira internacional é outro exemplo. Não é resultado
inevitável da globalização econômica. É, sim, a consequência de o
capital financeiro perseguir exageradamente os lucros a extrair do
capital financeiro e grave falha na regulamentação das finanças. Culpar
só a globalização econômica pelos problemas do mundo não dá conta da
realidade, é inconsistente e não ajudará a resolver os problemas.
Do ponto de vista histórico, a globalização econômica resultou da
crescente produtividade social e é resultado natural do progresso
científico e tecnológico, não foi inventada por indivíduos ou países. A
globalização econômica tem impulsionado o crescimento global e
facilitado a circulação de bens e capital, os avanços da ciência,
tecnologia e civilização e as interações entre os povos. Mas também
devemos reconhecer que a globalização econômica é uma espada de dois
gumes.
Quando a economia global está sob pressão descendente, é difícil fazer o
crescer o bolo da economia global. Pode mesmo acontecer de ele
encolher, o que prejudicará as relações entre crescimento e
distribuição, entre capital e trabalho, e entre eficiência e equidade.
Tanto os países desenvolvidos quanto os em desenvolvimento sentiram o
soco. E muitas vozes contrárias à globalização distribuíram armadilhas
ferozes na trilha do processo de globalização econômica que temos de
considerar seriamente.
Como diz o verso de antigo poema chinês, "as uvas mais doces pendem de
videiras amargas. Pêssegos doces crescem em cardos e espinhos." É um
modo filosófico de dizer que nada é perfeito no mundo. O quadro não está
completo, se só mostra os méritos, nem algo tem de ser descartado se só
se conhecem os defeitos. É verdade que a globalização econômica criou
novos problemas. Nem por isso basta esse conhecimento para descartar
completamente a globalização econômica. Em vez de descartá-la, temos de
nos adaptar e orientar a globalização econômica, amortecer seu impacto
negativo e disseminar os seus benefícios para todos os países e todas as
nações.
Tempo houve em que a China também tinha dúvidas sobre a globalização
econômica, e não tinha certeza se deveria aderir à Organização Mundial
do Comércio. Mas chegamos à conclusão de que a integração na economia
global é uma tendência histórica.
Para fazer crescer sua economia, a China tem de ter coragem para nadar
no vasto oceano do mercado global. Quem vive intimidado, sempre com medo
de enfrentar as tempestades e explorar o novo mundo, mais cedo ou mais
tarde será surpreendido e pode acabar afogado no oceano. Por tudo isso, a
China decidiu-se pelo passo corajoso, para abraçar o mercado global.
Tivemos a nossa quota-parte de falta de ar, de quase nos afogar, e houve
redemoinhos e ondas agitadas, mas, no processo, aprendemos a nadar. A
escolha provou ser estrategicamente certa.
Goste-se ou não, a economia global é o grande oceano do qual não se pode
fugir. Não é possível cortar o fluxo de capital, tecnologias, produtos,
indústrias e pessoas entre economias, assim como é impossível canalizar
as águas oceânicas, de volta para lagos e riachos isolados.
Simplesmente não é possível. Com efeito, é contrário à tendência
histórica.
A história da humanidade nos diz que não se pode ter medo dos problemas.
Deve-nos preocupar quem se recuse a enfrentar os problemas, não sabe o
que fazer para resolvê-los e não cuide de aprender. Diante das
oportunidades e dos desafios da globalização econômica, a coisa certa a
fazer é aproveitar todas as oportunidades, enfrentar os desafios e
traçar o caminho correto para a globalização econômica.
No Encontro dos Líderes Econômicos da APEC [Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (ing. APEC), Lima, Peru, 19/11/2016], falei da necessidade de dar mais vigor ao processo de globalização econômica, torná-lo mais inclusivo e mais sustentável.
Temos de agir proativamente e gerir a globalização econômica de modo a
libertar seu potencial positivo e reequilibrar todo o processo da
própria globalização econômica. Devemos seguir a tendência geral, a
partir das nossas respectivas condições nacionais, e tomar o caminho
certo de integração na globalização econômica, ao ritmo adequado, caso a
caso. Devemos encontrar um equilíbrio entre eficiência e equidade, para
garantir que diferentes países, diferentes estratos sociais e
diferentes grupos de pessoas compartilhem todos os benefícios da
globalização econômica.
Os povos de todos os países do mundo não esperam nada menos que isso, de
nós. Essa é nossa inescapável responsabilidade como líderes, nos tempos
que correm.
Senhoras e senhores,
Queridos amigos,
No momento, a tarefa mais premente que temos diante de nós é tirar a
economia global da dificuldade em que está. A economia global permaneceu
lenta por algum tempo. O fosso entre os pobres e os ricos e entre o Sul
e o Norte só se amplia. A causa raiz é que três questões críticas na
esfera econômica ainda não receberam tratamento efetivo.
[OS TRÊS PRINCIPAIS PROBLEMAS]
Primeiro, a ausência de forças
motrizes potentes que empurrem o crescimento global, impede que o
crescimento da economia global permaneça constante. A economia global
cresce hoje ao ritmo mais lento dos últimos sete anos. O crescimento do
comércio global é mais lento que o crescimento do PIB global. Os
estímulos políticos de curto prazo são ineficazes. Mal se desenrola
qualquer reforma estrutural fundamental.
A economia global atravessa período de movimento em direção a novos
impulsionadores do crescimento; e diminuiu o peso dos tradicionais
motores de impulsionar o crescimento. Surgiram novas tecnologias, como a
inteligência artificial e a impressão 3-D, mas não se vê sinal de novas
fontes de crescimento. Não há ainda sequer como antever qualquer nova
saída para a economia global.
Em segundo lugar, uma governança econômica global inadequada dificulta a adaptação a novos desenvolvimentos na economia global.
Madame Christine Lagarde disse-me recentemente que os mercados
emergentes e os países em desenvolvimento já contribuem com 80% do
crescimento da economia global. O panorama econômico global mudou
profundamente nas últimas décadas. No entanto, o sistema de governança
global não assumiu, não encampou as mudanças recentes e, portanto,
tornou-se inadequado, em termos de representação e inclusividade.
A paisagem industrial global está mudando e novas cadeias industriais,
cadeias de valor e cadeias de suprimentos estão tomando forma. Contudo,
as regras do comércio e do investimento não acompanharam esta evolução, o
que resultou em problemas agudos, como os mecanismos fechados e regras
fragmentadas.
O mercado financeiro global precisa ser mais resiliente em relação aos
riscos, mas o mecanismo de governança financeira global não consegue
satisfazer a nova exigência e, portanto, não tem meios para resolver
eficazmente problemas como a frequente volatilidade dos mercados
financeiros internacionais e as bolhas de ativos, que se acumulam.
Em terceiro lugar, o
desenvolvimento global desigual dificulta a satisfação das expectativas
de melhores condições de vida, que todas as pessoas têm.
Dr. Schwab observou em seu livro A Quarta Revolução Industrial que
a atual rodada de revolução industrial terá impactos amplos e de longo
alcance, como a desigualdade crescente; e especialmente a possível
ampliação da distância entre retorno do capital e retorno sobre o
trabalho.
O 1% mais rico da população do mundo possui mais riqueza do que os
restantes 99%. A desigualdade na distribuição de renda e no espaço de
desenvolvimento é preocupante. Mais de 700 milhões de pessoas no mundo
ainda vivem em extrema pobreza. Para muitas famílias, uma casa aquecida,
comida suficiente e emprego seguro ainda é sonho distante. Este é o
maior desafio que o mundo enfrenta atualmente. É também o que está por
trás da turbulência social em alguns países.
Tudo isso mostra que existem de fato problemas com o crescimento
econômico mundial, governança e modelos de desenvolvimento, e eles
precisam ser resolvidos. O fundador da Cruz Vermelha, Henry Dunant,
disse uma vez: "Nosso verdadeiro inimigo não é o país vizinho; É a fome,
a pobreza, a ignorância, a superstição e o preconceito."
[O QUE FAZER]
Precisamos ter visão para dissecar esses problemas. Mais importante,
precisamos ter a coragem de tomar medidas para enfrentá-los.
– INOVAR (mas na direção correta)
Primeiro, devemos desenvolver
um modelo de crescimento dinâmico e orientado para a inovação. A questão
fundamental que assola a economia global é a falta de força motriz para
crescer. A inovação é a principal força que orienta o desenvolvimento.
Ao contrário das revoluções industriais anteriores, a quarta revolução
industrial está se desenvolvendo em um ritmo exponencial, não em ritmo
linear. Temos de buscar implacavelmente a inovação. Só com
coragem para inovar e reformar podemos eliminar os estrangulamentos que
bloqueiam o crescimento e o desenvolvimento globais.
Com isso em mente, os líderes do G-20 chegaram a um consenso importante
na Cúpula de Hangzhou: assumir a inovação como fator chave e promover
nova força motriz de crescimento, tanto para os países nacionalmente
considerados, como para a economia global.
Temos de desenvolver uma nova filosofia de desenvolvimento e superar o
debate sobre se deve haver mais estímulo fiscal ou mais flexibilização
monetária.
Devemos adotar uma abordagem multifacetada, para abordar os sintomas e os problemas subjacentes.
Devemos adoptar novos instrumentos de política e avançar a reforma
estrutural para criar mais espaço para o crescimento e para manter o
ímpeto do crescimento.
Devemos desenvolver novos modelos de crescimento e aproveitar as
oportunidades apresentadas pela nova rodada de revolução industrial e
economia digital.
Devemos enfrentar os desafios das alterações climáticas e do envelhecimento da população.
Devemos abordar o impacto negativo da aplicação de TI e automação nos trabalhos.
Ao cultivar novas indústrias e novos modelos de modelos de negócios,
temos de cuidar para criar novos empregos e restaurar a confiança e
esperança para os nossos povos.
– Modelo de cooperação aberta ganha-ganha
Em segundo lugar, devemos prosseguir uma abordagem bem coordenada e interligada para desenvolver um modelo de cooperação aberta e ganha-ganha.
Hoje, a humanidade tornou-se uma comunidade unida, de futuro
compartilhado. Os países têm amplos interesses convergentes e são
mutuamente dependentes. Todos os países gozam do direito ao
desenvolvimento. Ao mesmo tempo, devem considerar seus próprios
interesses, em contexto mais amplo e abster-se de buscá-los em
detrimento de outros.
Devemos comprometer-nos a crescer uma economia global aberta, para
compartilhar oportunidades e interesses mediante a abertura, para
alcançar resultados ganha-ganha. Se diante de cada tempestade recuamos
até o porto de partida, nunca chegaremos à outra margem do oceano.
Devemos redobrar esforços para desenvolver a conectividade global, para
permitir que todos os países consigam crescimento interconectado e
compartilhem prosperidade.
Devemos continuar empenhados em desenvolver o livre comércio e o
investimento global, promover a liberalização e a facilitação do
comércio e dos investimentos com abertura cada vez mais ampla.
Devemos dizer não protecionismo. Perseguir o protecionismo é como se
autobloquear a si mesmo num quarto escuro. Se assim se bloqueia vento e
chuva, assim também se bloqueia a luz e o ar. Numa guerra comercial,
ninguém emergirá como vencedor.
– MODELO DE GOVERNANÇA JUSTA E EQUITATIVA
Terceiro, devemos desenvolver
um modelo de governança justa e equitativa, de acordo com a tendência
dos tempos . Como diz o ditado chinês, gente de cabeça fraca prefere
questões triviais; gente de cabeça forte prefere questões de mando e da
governança.
Há um apelo crescente da comunidade internacional para que se reforme o
sistema de governação econômica global – e essa é tarefa urgente para
nós.
Só quando se adaptar a novas dinâmicas da arquitetura econômica
internacional, o sistema de governança global conseguirá sustentar o
crescimento global.
Países, grandes ou pequenos, fortes ou fracos, ricos ou pobres, são
todos membros iguais da comunidade internacional. Como tal, têm o
direito de participar na tomada de decisões, gozar de direitos e cumprir
as suas obrigações em pé de igualdade. Os mercados emergentes e os
países em desenvolvimento merecem maior representação e voz.
A reforma das quotas do FMI de 2010 entrou em vigor e a sua dinâmica
deve ser mantida. Devemos aderir ao multilateralismo, para defender a
autoridade e a eficácia das instituições multilaterais.
Devemos honrar as promessas e cumprir as regras. Não se pode escolher ou dobrar as regras como um ou outro bem entenda.
O Acordo de Paris foi duramente conquistado. E está de acordo com a
tendência subjacente do desenvolvimento global. Todos os signatários
devem cumpri-lo, em vez de se afastar dele, pois esta é uma
responsabilidade que devemos assumir para as gerações futuras.
– Uma filosofia e um modelo de desenvolvimento sólido; e tornar o desenvolvimento equitativo, eficaz e equilibrado
Em quarto lugar, devemos
desenvolver um modelo de desenvolvimento equilibrado, equitativo e
inclusivo. Como dizemos os chineses: "Todos devemos perseguir a causa
justa, para o bem comum".
Desenvolvimento é necessidade, em última análise, de todas as pessoas.
Para alcançar um desenvolvimento mais equilibrado e assegurar que as
pessoas tenham igual acesso às oportunidades e participem dos benefícios
do desenvolvimento, é crucial ter uma filosofia e um modelo de
desenvolvimento sólido e tornar o desenvolvimento equitativo, eficaz e
equilibrado.
Devemos fomentar uma cultura que valorize a diligência, a frugalidade e o
empreendimento de todos, e respeite os frutos do trabalho árduo de
todos.
Deverá ser dada prioridade à luta contra a pobreza, o desemprego, o
aumento da disparidade de rendimentos, e às preocupações dos
desfavorecidos para promover a igualdade e justiça sociais.
– Buscar a harmonia entre o homem e a natureza e entre o homem e a sociedade
É importante proteger o meio ambiente, procurando o progresso econômico e
social, de modo a alcançar a harmonia entre o homem e a natureza e
entre o homem e a sociedade.
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável deve ser implementada,
para alcançar um desenvolvimento equilibrado em todo o mundo.
Adágio chinês diz: "A vitória é garantida, quando as pessoas juntam suas
forças. O sucesso é garantido quando as pessoas se juntam".
Se mantivermos a meta de construir uma comunidade de futuro
compartilhado para a humanidade e se trabalharmos lado a lado para
cumprir nossas responsabilidades e superar as dificuldades, seremos
capazes de criar um mundo melhor e de proporcionar melhores vidas para
os nossos povos.
Senhoras e senhores,
Queridos amigos,
A China tornou-se a segunda maior economia do mundo graças a 38 anos de
reforma e abertura. Caminho correto leva a futuro brilhante.
A China chegou até aqui porque o povo chinês, sob a liderança do Partido
Comunista da China, abriu um caminho de desenvolvimento realmente
adaptado às condições reais da China.
Este é caminho firmemente baseado nas realidades da China.
Nos últimos anos, a China vem conseguindo empreender um caminho de
desenvolvimento bem adequado tanto à sabedoria de sua civilização,
quanto às práticas de outros países, tanto no Oriente como no Ocidente.
Ao explorar esse caminho, a China se recusa a permanecer insensível aos
tempos em mudança; e a seguir sem refletir passos de outros. Todos os
caminhos levam a Roma. Nenhum país deve considerar o seu próprio caminho
de desenvolvimento como o único viável. Muito menos deve tentar impor a
outros o seu próprio caminho de desenvolvimento a outros.
O caminho que a China escolheu e aqui expomos, põe em primeiro lugar os
interesses das pessoas. A China segue uma filosofia de desenvolvimento
orientada para as pessoas e está empenhada em melhorar a vida das
pessoas.
Desenvolvimento é trabalho do povo, é construção do povo e deve
beneficiar o povo. A China persegue o objetivo da prosperidade comum.
Tomamos medidas importantes para aliviar a pobreza e retirar mais de 700
milhões de pessoas da pobreza, e continuamos avançando nos nossos
esforços para completar a construção de uma sociedade de prosperidade
inicial, em todos os aspectos.
O caminho da China é caminho para fazer reformas e inovar. A China
sempre enfrentou com reformas as dificuldades e os desafios em seu
caminho.
A China tem dado provas de coragem diante de questões difíceis que
enfrentamos, de que sabemos navegar em corredeiras traiçoeiras e remover
barreiras institucionais que estejam no caminho do desenvolvimento.
Esses esforços nos qualificam para estimular a produtividade e a
vitalidade social.
Com base nos progressos de 30 anos de reformas, introduzimos mais de
1.200 medidas de reforma nos últimos quatro anos – o que injetou ímpeto
poderoso no desenvolvimento da China.
O caminho da China é caminho para chegar ao desenvolvimento para todos
mediante a abertura. A China está comprometida com uma política
fundamental de abertura e prossegue uma estratégia de abertura e
ganha-ganha.
O desenvolvimento da China é simultaneamente nacional e orientado para o
exterior: enquanto se desenvolve, a China também compartilha mais de
seus resultados de desenvolvimento, com outros países e povos.
Realizações de desenvolvimento de destaque da China e os padrões de vida
muito melhorada do povo chinês são uma bênção para a China e para o
mundo. Tais conquistas no desenvolvimento ao longo das últimas décadas
devem-se ao trabalho árduo e perseverança do povo chinês, uma qualidade
que define a nação chinesa há milhares de anos.
Nós chineses sabemos muito bem que não há almoço grátis. Para um país
grande com mais de 1,3 bilhão de pessoas, o desenvolvimento só pode ser
alcançado com a dedicação e incansáveis esforços do próprio povo
chinês.
Não podemos esperar que os outros ofereçam desenvolvimento à China. Nem ninguém teria meios para fazê-lo.
[SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA CHINA]
Ao avaliar o desenvolvimento da China, não se deve apenas ver os
benefícios que o povo chinês obteve, mas também o esforço de todos os
chineses; não só os feitos da China, mas também o que a China tem feito
para o mundo. Assim afinal chegaremos a uma conclusão equilibrada sobre o
desenvolvimento da China.
Entre 1950 e 2016, apesar de seu modesto nível de desenvolvimento e
padrão de vida, a China proporcionou mais de 400 bilhões de yuans de
assistência externa, realizou mais de 5.000 projetos de assistência
externa, incluindo quase 3.000 projetos completos e realizou mais de
11.000 oficinas de treinamento na China para mais de 260.000 pessoas de
outros países em desenvolvimento. Desde que lançou a Reforma e Abertura,
a China atraiu mais de US $ 1,7 trilhão de investimento estrangeiro e
fez mais de US $ 1,2 trilhão de investimento direto de saída, fazendo
enorme contribuição para o desenvolvimento econômico global.
Nos anos que se seguiram ao início da crise financeira internacional, a
China contribuiu com mais de 30% do crescimento global anualmente em
média. Todos esses números estão entre os mais altos do mundo.
Os números falam por si mesmos. O desenvolvimento da China é uma
oportunidade para o mundo. A China não só se beneficiou da globalização
econômica, mas também contribuiu para ela. O rápido crescimento na China
tem sido um motor sustentado e poderoso para a estabilidade econômica
global e expansão. O desenvolvimento interligado da China e de um grande
número de outros países tornou a economia mundial mais equilibrada. A
notável realização da China na redução da pobreza contribuiu para um
crescimento global mais inclusivo. E o progresso contínuo da China em
reformas e abertura deu muito impulso a uma economia mundial aberta.
Nós chineses sabemos muito bem o que é preciso para alcançar a
prosperidade, por isso aplaudimos as realizações feitas por outros e
desejamos-lhes um futuro melhor. Não temos ciúmes do sucesso dos outros.
Não vamos reclamar de outros que se beneficiaram tanto das grandes
oportunidades apresentadas pelo desenvolvimento da China. Vamos abrir
nossos braços para o povo de outros países e recebê-los a bordo do trem
expresso do desenvolvimento da China.
Senhoras e senhores,
Queridos amigos,
Sei que todos vocês estão acompanhando de perto o desenvolvimento
econômico da China, e permitam-me oferecer-lhes uma atualização sobre o
estado da economia da China.
A economia chinesa entrou no que chamamos de um novo normal. Observam-se
grandes mudanças em termos de taxa de crescimento, modelo de
desenvolvimento, estrutura econômica e motores do crescimento. Mas os
fundamentos econômicos que sustentam o desenvolvimento sólido permanecem
inalterados.
Apesar de uma economia global lenta, a economia de China deve crescer
6,7% em 2016, ainda um dos índices mais altos do mundo. A economia da
China é muito maior em tamanho hoje, do que no passado, e agora gera
mais produção do que a que tivemos com crescimento de dois dígitos, no
passado. O consumo doméstico e o sector dos serviços tornaram-se os
principais motores do crescimento. Nos três primeiros trimestres de
2016, o valor agregado da indústria terciária absorveu 52,8% do PIB e o
consumo interno contribuiu para 71% do crescimento econômico. O
rendimento e o emprego dos agregados familiares aumentaram de forma
constante, enquanto o consumo de energia por unidade de PIB continua a
diminuir. Nossos esforços para buscar o desenvolvimento verde estão
dando frutos.
A economia chinesa enfrenta uma pressão descendente e muitas
dificuldades, incluindo a falta de correspondência entre o excesso de
capacidade e a estrutura de demanda, a falta de força motriz interna
para o crescimento, a acumulação de riscos financeiros e desafios
crescentes em determinadas regiões. Nós vemos esses pontos como
dificuldades temporárias que acontecem pelo caminho. E as medidas que
tomamos para resolver esses problemas estão produzindo bons resultados.
Estamos firmes em nossa determinação em avançar.
A China é o maior país em desenvolvimento do mundo, com mais de 1,3
bilhão de pessoas, e seus padrões de vida ainda não são altos. Mas esta
realidade também significa que a China tem enorme potencial e muito
espaço para o desenvolvimento. Orientados pela visão de desenvolvimento
inovador, coordenado, verde, aberto e compartilhado, vamos nos adaptar
ao novo normal, ficar à frente da curva, e fazer esforços coordenados
para manter o crescimento constante, acelerar a reforma, ajustar a
estrutura econômica, melhorar o padrão de vida das pessoas. E afastar
riscos. Com estes esforços, pretendemos atingir uma taxa de crescimento
médio-alto e melhorar a economia para o topo da cadeia de valor.
[O QUE A CHINA FARÁ]
A China se esforçará para melhorar o desempenho do crescimento econômico
. Vamos prosseguir a oferta do lado da reforma estrutural como o
objetivo geral, mudar o modelo de crescimento e atualizar a estrutura
econômica.
Continuaremos a reduzir o excesso de capacidade, a reduzir o inventário,
a fazer aparecer meios para financiamento, a reduzir os custos e a
reforçar os elos fracos.
Vamos fomentar novos impulsionadores do crescimento, desenvolver um
setor de manufatura avançado e atualizar a economia real.
Implementaremos o plano de ação da Internet Plus para aumentar a demanda
efetiva e atender melhor às necessidades individualizadas e diversas
dos consumidores.
E faremos mais para proteger o ecossistema.
A China impulsionará a vitalidade do mercado para
dar novo impulso ao crescimento. Intensificaremos os esforços de
reforma em áreas prioritárias e os elos-chave, e permitiremos que o
mercado desempenhe um papel decisivo na alocação de recursos.
A inovação continuará a ocupar um lugar proeminente na nossa agenda de
crescimento. Sempre mantendo a estratégia de desenvolvimento orientada
para a inovação, reforçaremos as indústrias estratégicas emergentes,
aplicaremos novas tecnologias e fomentaremos novos modelos de negócios
para melhorar as indústrias tradicionais. Vamos impulsionar novos
impulsionadores do crescimento e revitalizar os tradicionais.
A China promoverá um ambiente propício e ordenado para o investimento. Vamos
ampliar o acesso ao mercado para os investidores estrangeiros,
construir zonas-piloto de livre-comércio de alto padrão, fortalecer a
proteção dos direitos de propriedade e nivelar o campo de jogo para
tornar o mercado da China mais transparente e mais bem regulado.
Nos próximos cinco anos, a China deverá importar US $ 8 trilhões de
bens, atrair US $ 600 bilhões de investimento estrangeiro e fazer US $
750 bilhões em investimentos de saída. Os turistas chineses farão 700
milhões de visitas ultramarinas.
Tudo isso criará um mercado maior, mais capital, mais produtos e mais
oportunidades de negócios para outros países. O desenvolvimento da China
continuará a oferecer oportunidades para as comunidades empresariais de
outros países. A China manterá sua porta aberta e não a fechará. Uma
porta aberta permite que outros países cheguem ao mercado chinês e que a
própria China integre-se ao mundo. E esperamos que outros países também
mantenham sua porta aberta para os investidores chineses e mantenham o
campo de jogo aberto para nós.
A China promoverá vigorosamente um ambiente externo de abertura para o desenvolvimento comum. Promoveremos
a construção da Área de Livre Comércio da Ásia-Pacífico e as
negociações da Parceria Econômica Global Regional, para formar uma rede
global de acordos de comércio livre. A China defende a conclusão de
acordos de livre comércio regionais abertos, transparentes e vantajosos
para todos; e se opõe a formar grupos exclusivos que são fragmentados na
natureza.
A China não tem intenção de aumentar sua competitividade comercial,
desvalorizando o RMB, e ainda menos lançará uma guerra cambial.
Há mais de três anos, apresentei a iniciativa "Um Cinturão, Uma Estrada" [ing. One Belt, One Road, OBOR "Novas Rotas da Seda" vide mapa].
Desde então, mais de 100 países e organizações internacionais deram
respostas calorosas e apoio à iniciativa. Mais de 40 países e
organizações internacionais assinaram acordos de cooperação com a China,
e nosso círculo de amigos ao longo do "Cinturão e Estrada" está
crescendo. Empresas chinesas fizeram mais de US $ 50 bilhões de
investimentos e lançaram uma série de grandes projetos nos países ao
longo das rotas, estimulando o desenvolvimento econômico desses países e
criando muitos empregos locais. A iniciativa "Cinturão e Estrada" teve
origem na China, mas tem trazido benefícios para muito além das
fronteiras da China.
Em maio deste ano, a China vai sediar em Pequim o Fórum Cinturão e Estrada [ing. Belt and Road Forum para
a Cooperação Internacional, que tem como objetivo discutir formas de
aumentar a cooperação, construir plataformas de cooperação e
compartilhar resultados de cooperação. O fórum também explorará formas
de abordar os problemas enfrentados pela economia global e regional,
criar nova energia para prosseguir o desenvolvimento interconectado e
novos meios para que a Iniciativa Cinturão e Estrada ofereça maiores
benefícios para as pessoas dos países envolvidos.
Senhoras e senhores,
Queridos amigos,
A história mundial mostra que o caminho da civilização humana nunca foi
suave e que a humanidade fez progressos cada vez que superou
dificuldades. Nenhuma dificuldade, por mais assustadora que seja,
impedirá a humanidade de avançar. Frente às dificuldades, pouco ajuda
nos queixar de nós mesmos, culpar os outros, perder a confiança ou fugir
das responsabilidades. Devemos juntar as mãos e enfrentar o desafio. A
história é criada pelos valentes. Vamos aumentar a confiança, agir e
marchar de braços dados em direção a um futuro brilhante.
Obrigado.
[1] A frase aparece em Um Conto de Duas Cidades (1859)
sobre a Revolução Francesa, não a Revolução Industrial, como se lê na
versão em inglês desse discurso. Sem poder verificar em chinês o que o
pres. Xi realmente disse, ficam a correção no texto, e a nota, aqui
[NTs].



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