Brasil: Lula y José Mujica encabezarán el domingo una nueva marcha contra el plan de ajuste de Temer
Frentes farão novo ato em SP: ‘Só na rua podemos barrar a PEC 55’
Movimentos
sociais e de trabalhadores reunidos nas frentes Brasil Popular e Povo
Sem Medo voltam a protestar em São Paulo neste domingo (27), a partir
das 15h, na Avenida Paulista, em defesa da democracia e contra a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que congela os gastos
públicos federais por duas décadas. São esperados os ex-presidentes do
Brasil e do Uruguai, Luiz Inácio Lula da Silva e José Pepe Mujica.
“Em
nenhuma parte do mundo uma política de austeridade por 20 anos se
tornou cláusula constitucional. Isso é um disparate. É a rendição do
estado brasileiro ao mercado financeiro”, afirmou o coordenador nacional
do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos.
Para
o ativista, a manifestação é uma oportunidade de levar informação para
parte da população que ainda não tem compreensão do impacto da PEC em
suas vidas, sobretudo os mais pobres. “Foi feita uma campanha sórdida de
tentar legitimar a PEC como se fosse mera questão contábil. Isso não
corresponde aos fatos. A proporção dívida pública/PIB (Produto Interno
Bruto) no Brasil é de 77%. Na União Europeia, é de 90%; nos Estados
Unidos, 115%. Temos de esclarecer isso para a maioria do povo, que ainda
está muito confusa por uma propaganda forte e com grande respaldo da
mídia”, disse Boulos.
Além
disso, o ajuste fiscal busca reverter o rombo nas contas públicas,
estimado em R$ 170 bilhões. No entanto, dados da Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional (PGFN) indicam que a cobrança das dívidas ativas de
aproximadamente 13 mil pessoas físicas e empresas arrecadariam quase R$
900 bilhões em tributos à União. A dívida ativa total é de R$ 1,8
trilhão, perto de um terço do valor do PIB em 2015: R$ 5,9 trilhões.
Nas
redes sociais, Boulos publicou um vídeo convocando a população a
participar do ato. “Vem pra rua você também. Não adianta ficar em casa
no domingo e depois reclamar que não tem resistência no Brasil. É só na
rua que nós podemos barrar a PEC 55 e todos os retrocessos”, disse.
Os
movimentos defendem que os cortes nos orçamentos de saúde, educação e
políticas sociais vão afetar a vida dos mais pobres, enquanto deixam
intocados os privilégios dos mais ricos. Argumentam que seria necessária
uma reforma tributária – reduzindo o peso dos impostos sobre itens
básicos, como alimentação, medicamentos e outros essenciais –, a taxação
das grandes fortunas e uma auditoria da dívida pública.
A
Frente Povo Sem Medo decidiu, em reunião nacional no último domingo
(20), encampar a proposta feita pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR),
em audiência pública sobre a PEC, de submeter a proposta a um referendo,
caso venha a ser aprovada no Senado. Nesse caso, a população poderia
decidir pela confirmação ou rejeição da emenda constitucional, tendo o
Congresso que respeitar o resultado do referendo. A PEC entra em votação
em primeiro turno na terça-feira (29), e em segundo, em 13 de dezembro.
Estão programados protestos no Congresso nos dois dias.
Balanço
Balanço
Na
mesma reunião, a frente avaliou que o primeiro ano da organização foi
bastante positivo, tendo demarcado bem o posicionamento por um
enfrentamento ao golpe perpetrado por meio do impeachment da presidenta
Dilma Rousseff, sem descuidar das críticas ao ajuste fiscal proposto
então pelo governo da petista. “Foi um grande acerto político.
Enfrentamos de forma contundente a direita, sem ser chapa branca. E
conseguimos atrair inclusive setores não organizados para as
mobilizações”, diz Boulos.
Para
ele, no entanto, é preciso avançar no diálogo com os grupos que se
denominam autonomistas, caracterizados pelo não alinhamento com partidos
ou movimentos sociais já instituídos. Esse é o caso de grande parte dos
grupos de juventude, tanto nas ocupações de escolas como em movimentos
culturais de periferia. “Isso passa por estreitar o diálogo com os
secundaristas, por conseguir dialogar com a juventude de periferia.
Temos um desafio amplo de canalizar esse forte sentimento de rejeição
política pela esquerda. Porque quem está conseguindo fazer isso hoje,
até em nível internacional, são os grupos de direita”, afirma.
Lula: Quem me acusa vai ter de pedir asilo
O
25º Congresso Professores da Educação Oficial do Estado de São Paulo
acontece nesta semana no município de Serra Negra. O ex-presidente Luiz
Inácio Lula da SIlva foi convidado de honra do ato de abertura do
evento, nesta quarta-feira (23).
Os
docentes realizam seu evento em clima de luta e resistência. Não
poderia ser diferente, já que a pauta imposta pela realidade e pelo
atual governo são temas como Escola sem partido, reformas do ensino
médio e da Previdência e ataque aos direitos trabalhistas.
Nesta
quarta, no auditório municipal que recebe o encontro, foi realizado um
ato político. Os cerca de mil professores presentes ouviram de líderes
de partidos políticos, sindicatos e associações um discurso pela unidade
dos campos populares na política nacional. Como há muito não se via. Do
PCO (Partido da Causa Operária) ao PT, passando por PCB, MST, PSOL,
CUT, MTST e UNE. Toda a união é necessária quando é preciso resistir.
Foi
apenas em um momento do Congresso nesta quarta-feira que a união se
desfez. Quando Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao auditório, os
professores levantaram já empurrando suas cadeiras, às centenas,
celulares à mão, para uma foto, uma olhadinha, quem sabe um abraço no
Lula? Foram necessários muitos pedidos ao microfone e alguns minutos de
paciência enquanto o ex-presidente cumprimentava o maior número de
professores que lhe fosse permitido, posando para tantos pedidos de
fotos quanto pudesse.
O
ato seguiu. O líder do PCO falou: “Tivemos que aprender da pior
maneira. Muitos companheiros, até entender em qual luta estamos
inseridos, aplaudiram perseguições pretensamente em nome da corrupção,
mas que terminaram levando ao poder um governo que não para de atacar os
direitos dos trabalhadores”. Gilmar Mauro, representante do MST disse:
“Quando tentaram invadir a nossa escola (Florestan Fernandes), nós
resistimos juntos. A Bebel (presidente da Apeoesp, sindicato dos
docentes) foi lá, resistir junto. O ex-presidente Lula foi lá, resistir
conosco. E hoje estamos todos aqui. Porque só unidos podemos enfrentar
este governo golpista”. A Bebel falou: “Nós não engolimos o golpe! E não
vamos engolir, porque se nos resignarmos, aí começamos a ter que
aceitar tudo, aí vamos engolir muito mais”.
Chegou
a vez do Lula falar e ele falou. Foi interrompido por gritos e aplausos
em cinco oportunidades. “Quando eu estava na Presidência, fizemos uma
pesquisa de opinião que trouxe uma única unanimidade: de que é preciso
que se estabeleça no país uma educação pública, universal e de
qualidade”, disse. “Mas, na pergunta seguinte do questionário, se as
pessoas acreditavam ser possível criar uma educação pública como se
queria, a maioria respondia que não. A gente sonhava, mas não acreditava
no próprio sonho”.
O
ex-presidente, então, ressaltou que é normal que seja assim. Afinal,
enquanto nos países vizinhos da América Latina, a preocupação com o
ensino e o ensino universitário nasceu junto com a própria criação
dessas nações, aqui no Brasil nossa primeira universidade foi criada 422
anos depois do descobrimento do Brasil. Até lá, “filho da elite ia
estudar na Europa, e o resto não estudava”, disse Lula.
Lula
lembrou, na sequência, de como seu governo foi um marco para o ensino
público universitário e técnico, os dois cuja implantação e
administração competem ao ente federal no país. Lembrou que, em 13 anos
de governos de Lula e Dilma, foram criadas 282 escolas técnicas
federais, três vezes mais do que já havia sido feito em toda a história
do Brasil. Que foram criadas 18 novas universidades federais. Que mais
de um milhão de alunos tiveram acesso a bolsas integrais e parciais de
estudos do Programa Universidade para Todos (Prouni).
O
processo de democratização do ensino, porém, foi interrompido. “É que
tudo isso incomoda. Parte da elite deste país não gosta de dividir o que
é público com os mais pobres. Por isso é que deram um golpe. Deram um
golpe sabendo que estavam construindo uma mentira, que depois foi aceita
pela Câmara e pelo Senado. Porque estavam cumprindo uma missão para a
elite brasileira. Se aproveitando de um momento difícil do governo, de
baixa popularidade na opinião pública, fizeram um serviço a mando das
elites. Mas de uma coisa eu tenho certeza: tiraram a Dilma de lá, não
pelas coisas ruins feitas no no governo dela. Mas sim pelas coisas
boas”.
Por
fim, Lula falou sobre o processo de perseguição jurídica de que é alvo
atualmente, e que é parte da mesma mobilização de interesses que levaram
ao golpe contra Dilma Rousseff. “Alguns jovens da Polícia Federal
produzem mentiras para que meios de comunicação as transmitam. Depois,
jovens procuradores do Ministério Público Federal se utilizam dessas
montagens para construir mais mentiras. Então, apresentam uma denúncia
falsa ao juiz (Sério) Moro, que ajuda os procuradores a montar melhor
suas teses. Mas eu não tenho medo. Já estou processando o Moro e um
delegado da PF. Não vou sair do país, nunca vou me exilar. Um dia, quem
vai querer se exilar desse país é quem está contando todas essas
mentiras sobre mim”.
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